Participei hoje pela manhã da palestra do jornalista André Trigueiro, referência em sustentabilidade, dentro da programação da Smart City Expo Curitiba 2018. É alentador descobrir quantas experiências positivas estão acontecendo neste momento em vários países. Mas desanimador saber que o Brasil está longe do conceito ‘smart city’.
Entre os tantos fatores que nos deixam na rabeira do progresso, estão a falta de políticas públicas (em qualquer área), comprometimento, gestão, planejamento, cumprimento de metas, transparência em contas e em projetos, educação precária e o REPROVÁVEL jeitinho brasileiro para ‘ajeitar as coisas’ (o que considero bastante desprezível).
Trigueiro abordou a questão do futuro sustentável para as nossas cidades, sem a qual as soluções inteligentes e tecnológicas se tornam infrutíferas. “A realidade municipal no Brasil está distante do conceito de smart city. Nossas cidades são pobres e inadimplentes, com prefeitos muitas vezes analfabetos funcionais. Não há equipes capazes de redigirem projetos para solicitar os fundos existentes em Brasília. Neste contexto, o planejamento inicial para estes municípios requer um diagnóstico de problemas, a reunião de pessoas capacitadas e a busca de recursos materiais e humanos”, analisa.
Ele enumerou iniciativas de estímulo às práticas sustentáveis que estão produzindo efeito pelo país, como impostos inteligentes (ICMS Ecológico e IPTU Verde, por exemplo) que oferecem recursos extras aos municípios que preservarem seus mananciais e áreas verdes, além de reduzir seus espaços de lixo a céu aberto.
“No caso do IPTU Verde, realidade em capitais como Curitiba, Salvador, Goiânia, Cuiabá e Porto Alegre, cidadãos que possuírem em suas casas coletor solar, iluminação e ventilação natural, captação de água da chuva ou telhados verdes, por exemplo, podem ter alíquota reduzida ou até mesmo isenção de IPTU, afinal estão ajudando o município a ser mais sustentável”, disse Trigueiro.
Lixo – O que é lixo para mim não é para você e vice-versa. Ele enfatizou que a questão da logística reversa do lixo reciclável, sobre produtos cujo prazo de obsolescência precisa ser urgentemente melhorado pelos grandes fabricantes.
“É inadmissível que smartphones se tornem lixo eletrônico com apenas três ou quatro anos de uso. Isso vale para vários tipos de produtos, e não estamos falando apenas de plástico: a nova onda do isopor, que é barato, gera resíduo que não se torna vantajoso economicamente de ser reciclado”.
Por outro lado, a recente mudança global na política chinesa – que deixou de importar plástico de outros países – está forçando países como EUA e Japão a buscarem soluções para seus resíduos secos.
“Entre as opções municipais para a boa destinação dos resíduos estão os consórcios intermunicipais, a coleta seletiva e a educação ambiental”.
Desde 2006, Trigueiro é apresentador e editor-chefe do programa Cidades e Soluções, da GloboNews.