O isolamento nos últimos 16 meses impôs mudanças de comportamento, aprendizados e autoconhecimento. A pandemia mudou os planos de inúmeras pessoas e fez também com que talentos escondidos aparecessem.
Foi o caso de Maria Fernanda Calderari que usou o momento da pandemia para despertar e aperfeiçoar o dom artístico e o conhecimento teórico das artes e criar um estilo próprio na pintura.
Filha do artista plástico paranaense Fernando Calderari, Maria Fernanda cresceu vendo o pai pintando obras reconhecidas mundialmente. “Frequentei a Escola de Música e Belas Artes do Paraná durante a infância e adolescência. Era comum entrar e observar as aulas de pintura e gravura que meu pai ministrava, mas apenas como expectadora”, relembra.
Segundo ela, desde o início da pandemia, teve a oportunidade de passar mais tempo com o pai que transferiu o ateliê para casa. “A pintura se tornou algo possível e real em minha vida, sob o olhar crítico e responsável do meu pai e mestre de tantas gerações. Além de um grande prazer e aprendizado, uma honra”, disse.
Mesmo com estilos diferentes, a influência do pai nas obras é inegável. “Escolhi a técnica abstrata. Embora diferente das obras dele, não deixam de carregar a mesma temática dependendo da posição da tela em que o espectador a observa”, explica.
Maria Fernanda conta que em todo esse processo de iniciar, de fato, na vida artística, sempre se preocupou muito com a assinatura nos quadros. “Uma das minhas maiores dúvidas foi como assinar. Por motivos óbvios era uma preocupação que eu tinha”. No entanto, a artista foi convencida, inclusive pelo pai, que Calderari é um patrimônio e uma herança que a pertence desde que nasceu. “Assinar Calderari nada mais é que continuidade, respeito e motivo de orgulho para ambos” ressaltam.
Segundo ela, a intenção de suas obras é proporcionar uma experiência sensorial, estética e de luminosidade marcante e agradável ao observador. “Minhas produções sempre foram feitas em silêncio e timidamente”, observa. E nesse período o desejo de criança se torna realidade. Produzir, motivada pelo mestre Fernando Calderari, obras únicas com o olhar atento, cuidadoso, crítico e inspirador do pai e mestre. “Minha inspiração vem da alma. Transferir para uma tela em branco cores e luz é uma forma de mostrar minha essência e a minha forma de enxergar a vida”, conclui.
foto Marcos Vinicius Calomeno Junior