Os testes para o coronavírus da vacina da universidade inglesa de Oxford estão na fase 3.
Esta é a última e determinará se a vacina é realmente eficaz uma vez testada em uma amostragem maior de pessoas. Na última semana, as experiências preliminares foram positivas em relação à resposta imune dos voluntários.
O que muitos se perguntam é como o Reino Unido conseguiu chegar tão rápido a uma das soluções mais promissoras contra a covid-19.
A resposta é o investimento governamental em pesquisas e uma rede colaborativa entre a Universidade, governo, indústria, que possibilita o compartilhamento, quase que imediato, de dados preciosos para o desenvolvimento de soluções para a saúde, alinhando as prioridades governamentais com focos em pesquisa e desenvolvimento dos outros atores do sistema.
Detalhes sobre isso foram passados no webinar “A Estratégia Industrial do Reino Unido e o Caminho para a Inovação”, realizado pelo Governo Britânico no Brasil. Um dos pilares desta estratégia de incentivo constante à ciência e à pesquisa em saúde é o investimento crescente do governo que pretende chegar a £4,7 bilhões em quatro anos.
A Head de Parcerias entre Universidade e Indústria da Universidade de Oxford, Deborah Spencer, afirmou que foi a partir do relacionamento da universidade com o Governo Britânico no Brasil que foi possível fazer a pesquisa de Oxford em parceria com o grupo anglo-sueco AstraZeneca para o Brasil.
Ela também falou sobre um fundo de R$ 600 milhões da universidade que permite que diversas empresas spin-offs, ou seja, que trabalham paralelamente ao trabalho acadêmico da universidade, se desenvolvam. “É um ecossistema muito atraente para jovens empreendedores, que saem da própria universidade”, diz Deborah.
Segundo Alison Cave, diretora do Industrial Strategy Challenge Fund do Reino Unido, na área de Detecção de Doenças e Dados para Diagnóstico Precoce Data e Medicina de Precisão, o investimento que o país vem fazendo na área de Ciências da Vida ao longo dos anos foi a chave para estruturar três dinâmicas que são fundamentais a esse processo: pesquisa interdisciplinar, engajamento crescente entre indústria e academia e colaboração também crescente de empresas jovens e menores com as já estabelecidas.
Outro ponto focal do ICSF é, além de acelerar a pesquisa, conseguir prover medicamentos para a população. “São 197 milhões de libras investidos para desenvolver tecnologias para a produção de remédios e acelerar o acesso a novas drogas e tratamentos. Entre estes investimentos, 66 milhões de libras para o centro de produção de vacinas, 13 milhões para o centro de produção de medicamentos e 12 milhões para o centro de terapia com células e genes”, disse.
Arly Belas, Gerente Regional de Ciências da Vida para América Latina e Caribe do Reino Unido (https://www.gov.uk/government/organisations/department-for-international-trade) relata que o propósito do Governo Britânico no Brasil é justamente expandir parcerias na área de pesquisa e desenvolvimento farmacêutico, como a que envolve o estudo para a vacina contra o Sars-CoV-2.
“No Brasil trabalhamos promovendo colaborações institucionais e comerciais entre empresas e instituições brasileiras e britânicas nos segmentos de diagnóstico, farmacêutica, biotecnologia, equipamentos médicos, saúde digital, gestão em saúde, entre muitos outros temas. No atual cenário, nosso objetivo é maximizar estas parcerias”, afirma Belas.